De: Rui Encarnação - "As regionalites"
As discussões intermináveis sobre a Ota têm esquecido um pequeno detalhe. O projecto da Ota é transversal e acarinhado por PS e PSD. Vai daí já passou por governos das várias “cores” (laranja e rosa) e está, há muito, muito mesmo, tempo decidido. Tudo o resto é barulho. Importante para tentar rentabilizar o que vai ser feito e evitar desperdício. Mas barulho.
Pior do que isso é falar-se de regionalização e Ota, ao mesmo tempo que, nem na nossa cidade, somos capazes – nós os civis ou para-civis – de estarmos atentos e empenhados na construção de uma cidade melhor, de uma cidade para o futuro. Vejam o PARQUE DA CIDADE! É o exemplo vivo do que no Porto, e com esta CM, se pode passar a chamar de uma Rivolização.
É um conceito inovador e fácil de explicar. Primeiro: traça-se o objectivo (privatizar o parque da cidade ou parte dele, com pouca ou nenhuma definição). Segundo: torna-se o objectivo como única solução possível (deixa-se o parque ficar degradado, com a água parada, fétida e não renovada, o lixo espalhado pelo chão, a relva e erva por cortar e tratar, e os equipamentos ao abandono, não se substituem luzes, tudo para que seja inevitável concluir que a gestão pública do parque é muito dispendiosa e inviável de ser assegurada pela CM com os seu parcos recursos). Terceiro: torna-se o privado escolhido como o único com capacidade para dinamizar o espaço (sem que ninguém saiba porquê, nem como, vai surgir um privado – aquele que previamente e por razões insondáveis já foi escolhido – como o único capaz de revitalizar o tal espaço que se deixou morrer. É claro que convém existir um projecto e ideias já previamente pensadas em conjunto com o privado, mas que só se revelam em linhas gerais, de acordo com o quarto ponto). Quarto: Reduz-se a discussão a um conjunto de lugares comuns e não se explica nada, nem se respondem às críticas e dúvidas (é a cereja no topo). Dizem-se, para os vereadores e para o público, meia dúzia de supostas verdades e lugares comuns, mesmo que demagogicamente criados e mantidos, e, quando nos perguntarem sobre coisas mais concretas, não respondemos. O Povo cansa-se. Os media só gostam de sangue e, o que se passa no Porto não abre jornais nem televisões.
Como vêm é fácil! Perdão. Só falta introduzir aqui algumas discussões sobre Otas, fazer umas actividades, daquelas com carros e aviões, e neves eternas com acrobacias, para o povo se entreter. Logo, logo, o parque da cidade estará privatizado. Para já em parte. Mais um mandato e ainda se vai pagar bilhete para lá entrar. E não se esqueçam! A fórmula resulta. Se resulta! Vejam só onde pára o magnífico encenador La Feria que ensaia, estraga, usa e abusa do nosso melhor e maior Teatro Municipal sem pagar um único cêntimo.
PS: Parece que a partir de Setembro o brasão da cidade vai ganhar Asas, como no Red Bull!!!