De: JA Rio Fernandes - "A política dos partidos e a outra"
Tratar da Polis é coisa de cidadania, de Política. Aqui, o “Baixa do Porto” tem sido um belo espaço da dita, ainda que com crítica q.b. aos que alguns chamam de políticos, por exercerem cargos executivos, ou apenas por serem militantes de um qualquer partido. A onda geral pela cidade alargada é negativa e o meu texto não ajuda. Servirá sobretudo como desabafo, para expressar a minha preocupação pelos tempos maus que atravessamos, não apenas na política dos partidos, como sobretudo na outra. Talvez sirva também para despertar para a cidadania, uma ou a outra, porventura ambas.
No encontro sobre a Baixa organizado por um grupo de participantes do blog, estiveram (demasiadamente) poucos. Eu fui um dos faltei, não me desculpando o facto de ter antes avisado disso. Mas, também, pelos vistos não perdi grande coisa, porque tanto quando pude saber o debate parece ter sido pouco, sobrando as apreciações a um projecto, necessariamente pouco críticas, já que foi apresentado por quem o fez.
Entretanto, 1) a Campo Aberto (associação a que pertenço) parece “fechada para obras”, com realizações esparsas e tomadas de posição pública raríssimas. Não fora uns passeios de quando em vez e a iniciativa de Nuno Quental em promover 50 espaços verdes em perigo na área metropolitana e já ninguém a ligaria à instituição aguerrida que se mobilizou em defesa do Parque da Cidade (e deixou batata pesada na CMP pela viabilidade da IMOLOC que alguém espera agora que a Metro pague), do Parque Oriental (alguém sabe o que é feito do dito?), ou contra o sizentismo (entretanto consumado) da Avenida dos Aliados.
Entretanto, 2) hoje, no Palácio da Bolsa, parte da “reserva dourada do PSD” (Miguel Cadilhe e Arlindo Cunha), perante uma plateia bem recheada, vieram lembrar a agonia de um qualquer plano de desenvolvimento turístico do Douro, que acharam magnífico os seus responsáveis (pois!…), falando não se sabe bem para quem (do Governo nem um representante!), nem porquê (se o Primeiro-Ministro “deles”, um tal Pedro Santana Lopes, aprovou a necessidade do dito ser avaliado e articulado com a política nacional…). Mais se estranha que venham as reclamações numa altura em que Ricardo Magalhães acaba de tomar posse para dirigir um grupo de missão para o Douro, presidido por Carlos Lage e que tem responsabilidades no turismo e em muito mais. De resto, mais se estranha que reclame o Presidente da SRU contra os malefícios da descontinuidade política (para quem assistiu impávido ao enterro do CRUARB, estamos conversados).
Entretanto, 3) discute-se quem paga o que se gastou a mais no metro e continuam as homenagens aos pais: Rui Rio e a paixão herdada pelos carros antigos, Dª Laura e a recuperação do Batalha que o pai desenhou (à custa dos dinheiros obtidos na guerra contra Nuno Cardoso e o Plano das Antas). Desgraçadamente, o PIB per capita continua a diminuir no Grande Porto (garantem-me fontes geralmente bem informadas que já está abaixo da média nacional), enquanto que a área mais pobre do país (entre Paredes e Amarante, Celorico de Basto e Castelo de Paiva) continua à espera… sem atractivos, nem protagonistas, condenada aos níveis de Terceiro Mundo na escolaridade, no saneamento, …
Entretanto, 4) espera-se que a regionalização possa resolver tudo… Talvez. Mas, defendendo-a, admito que já acreditei mais nisso! Porque não o desligo da nossa capacidade de liderança. E, a esse propósito, manifesto preocupação: vejo o meu amigo (e camarada) Carlos Lage muito calado, o meu amigo Rui Moreira a dizer que Rui Rio está a fazer um bom mandato na Câmara do Porto (ou será que li mal?), enquanto que Valente de Oliveira, pensando melhor, parece que afinal é mesmo um paladino da regionalização…
Entretanto, 5) esperava eu (ingenuamente talvez) que uma maior unidade e responsabilidade na escala metropolitana, pudesse acabar com os álibis dos autarcas (compreensíveis porque são eleitos apenas num município) e marcasse um novo período para o Grande Porto, metrópole policêntrica e multimunicipal. Mas, se há luz ao fundo do túnel – não, não é o de Ceuta! –, as coisas não estão propriamente muito iluminadas, em vista das reacções de alguns presidentes, do PSD e da ANMP, e da ausência de indicações claras na proposta de lei sobre o real poder da AM (capacidade financeira e modelo de subsidiariedade), com mais sinais negativos na estipulação de salários pouco atractivos na junta (agora órgão essencialmente técnico), num sinal claro de desconfiança e menoridade.
Enfim…
Sobrará o título do FCPorto que se espera para domingo. Pois… mas até isso me corre mal, a mim que sou benfiquista (ainda que higienicamente afastado de real interesse pelo futebol nacional)!